sexta-feira, 21 de novembro de 2008

CE cresceu 6,2% no trimestre

O PIB do Ceará teve uma expansão de 6,23% no terceiro trimestre, influenciada sobretudo pela agropecuária

Puxada pela agropecuária, a economia cearense cresceu 6,23% no terceiro trimestre. Apesar de sua fraca participação no PIB (Produto Interno Bruto) — apenas 7%, o setor teve um avanço de 28,93%, graças ao bom inverno visto no Estado. No acumulado do ano, a economia tem expansão de 6,02%. Os números foram divulgados ontem pelo Ipece (Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará).

´Tivemos uma safra com boa produção nas culturas de milho, feijão e arroz, que são expressivas para nossa economia´, comentou o economista Marcos Holanda, diretor geral do Ipece. A safra de 1,13 milhão de toneladas foi 97,4% superior a de 2007. Além disso, afirmou, começaram a aparecer os primeiros resultados da fruticultura e houve melhoramentos nas técnicas e genéticas da produção de leite.

Segundo ele, esses resultados, que dizem respeito aos meses de julho, agosto e setembro, ainda não refletem efeitos da crise internacional, que apenas estava em fase embrionária nesse período. Entretanto, acredita que haja algum impacto no último trimestre.

´Nada muito grave, 2008 já está garantido´, ressalvou. O Ipece trabalha com a projeção de alta de 5,4% no PIB estadual. Caso se confirme, o PIB ficará acima do registrado em 2007, de 4,1%. Nesse ano, a economia nacional teve um melhor desempenho e aumentou 4,7%. Em 2008, porém, Marcos Holanda crê que o crescimento do Estado seja um pouco superior ao do Brasil.

Em 2006, conforme divulgou o IBGE, a economia cearense foi a que mais cresceu no País, com expansão de 8%, em condições semelhantes a que está sendo observada ao longo do ano: maior desempenho da agropecuária, influenciada por uma safra recorde.

Desempenho da indústria

Depois da agropecuária, o segundo maior crescimento no trimestre aconteceu na indústria, cujo peso na formação do PIB cearense é de 24%. Com exceção da atividade extrativa mineral, que teve uma queda de 14,47%, os demais segmentos tiveram resultados positivos, sendo o melhor na construção civil (6,57%).

Esse segmento, no entanto, teve uma leve desaceleração sobre o segundo semestre do ano, quando teve alta de 8,97%, e deve sentir no quarto trimestre a falta de crédito em conseqüência da crise financeira internacional.

A indústria de transformação teve um avanço de 4,91%. De acordo com o Ipece, os segmentos de alimentos e bebidas, produtos químicos, metalurgia básica e produtos de metal (inclusive máquinas e equipamentos) estão entre os que puxaram esse resultado e já refletem a produção acelerada para atender às encomendas de Natal feitas pelo comércio.

Além do mercado interno favorável, as vendas para o exterior também foram ressaltadas pelo Ipece como um componente para o bom desempenho da indústria de transformação. Até setembro, as exportações cearenses somavam US$ 965,7 milhões. As importações, em montante superior a US$ 1,16 milhão, também são vistas como positivas. ´São insumos, matéria-prima. Problema seria se fossem bens para consumo´, avaliou Holanda.

Serviços têm peso maior

O setor de maior participação (69%) no PIB cearense, o de serviços, cresceu 4,31%. Esse desempenho foi resultado, sobretudo, pelo comércio (com alta de 10,91%) e alojamento e alimentação (11,34%). Esses dois segmentos, acrescentou o economista, são influenciados pelo desempenho do turismo. ´Acredito que a alta do dólar (que estimula o turismo interno) deve compensar em parte os efeitos da crise no quarto trimestre (alta estação)´, disse Marcos Holanda.

Para enfrentar a crise

Para 2009, o diretor do Ipece destaca a importância do papel do Estado para minorar os efeitos da crise internacional: ´Vão ser fundamentais os investimentos públicos em infra-estrutura´. Segundo ele, o nível de poupança do Ceará, aliado ao baixo endividamento, permitem uma política fiscal que o diferencia de outros Estados. Como não gastou muito em 2007 e 2008, poderá fazer isso no próximo ano, ´quando a economia mais precisa´. Além disso, Marcos Holanda informou que já estão garantidos cerca de US$ 240 milhões em recursos de empréstimos com o Banco Mundial e quase o dobro disso oriundo do Banco Interamericano de Desenvolvimento. Como foram acordados em dólar, em reais valem ainda mais neste momento, em que a moeda norte-americana está supervalorizada. ´A situação de crise é muito pior onde o poder público não pode agir´.

MÔNICA LUCAS
Repórter

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